SER SEXUAL É UMA PARTE IMPORTANTE DA VIDA DE MUITA GENTE
Texto extraído do documento da UNESCO: INTERNATIONAL GUIDELINES ON SEXUALITY EDUCATION Parte 1 – página 6 (draft)
www. unesco. org
Texto traduzido do inglês e digitado em São Paulo por Maria Amélia Vampré Xavier, da Rede de Informações-Área Deficiências, da Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo; Fenapaes, Brasília (Diretoria para Assuntos Internacionais); Rebrates, SP; Carpe Diem, SP; Sorri Brasil, SP; Inclusion InterAmericana e Inclusion International em 7 de outubro de 2009.
Estamos abordando alguns trechos muito importantes do excelente documento da UNESCO acima citado porque nós que temos a preocupação constante com a qualidade de vida de pessoas com deficiências sabemos, como todo mundo sabe, quão vulneráveis elas são no tópico sexualidade. Os abusos cometidos contra crianças, jovens e até adultos em fase de envelhecimento que são deficientes são um dos aspectos mais negros e deprimentes de nossa luta mundial pelos seus direitos.
Mas trata-se de questões relevantes para todo ser humano, seja ou não deficiente. Se estivermos bem informados a respeito de como lidar com a sexualidade com certeza teremos melhores condições de defender nossos filhos ou amigos em condição de extrema vulnerabilidade. Vamos saber mais sobre sexualidade nós mesmos e poderemos ajudar muita gente, evitando um sofrimento enorme que dura a vida toda. Vamos ao que nos ensina a UNESCO:
Ser sexual é uma parte importante na vida de muitas pessoas: pode ser uma fonte de prazer e conforto e uma forma de expressar afeição e amor. Se pessoas jovens optam por ter vida sexual ativa ou não, a educação abrangente da sexualidade prioriza a aquisição e/ou o reforço de valores como reciprocidade, igualdade e respeito que são pré-requisitos para relacionamentos sexuais e sociais mais sadios e seguros. A abstinência é somente uma de uma gama de escolhas disponíveis a pessoas jovens, e intervenções programáticas precisam ser avaliadas cuidadosamente em relação à base de evidência da educação da sexualidade.
As quatro últimas décadas viram mudanças dramáticas em nossa compreensão da sexualidade humana e do comportamento sexual. A epidemia global HIV exerceu um papel para criar esta mudança porque houve uma rápida compreensão de que a fim de enfrentar o HIV – que é em grande parte transmitido sexualmente – precisávamos ter uma melhor compreensão do que seja gênero e sexualidade. De acordo com o Programa em Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS 2008) mais de dez milhões de pessoas jovens, em todo o mundo, estão vivendo com o HIV, dois terços das quais vivem na África do Sub-Saara. Novas infecções por HIV estão concentradas em pessoas jovens, sendo que aproximadamente 45 por cento de todas as infecções novas ocorrem entre os 15 e 24 anos. Falando globalmente, as mulheres constituem 50 por cento do número total de pessoas que vivem com HIV, mas na região africana do Sub-Saara esta proporção aumenta para, aproximadamente, 61 por cento.
Em muitos países, pessoas jovens com HIV estão vivendo mais graças à melhoria no acesso ao tratamento com terapia anti-retroviral e apoio médico e psico-social relacionado a isso. Pessoas jovens que vivem com HIV teem necessidades específicas em relação a sua saúde sexual e reprodutiva, incluindo possibilidades de discutir viver positivamente com HIV; sexualidade e relacionamentos; e questões relacionadas com a descoberta, estigma e discriminação. Contudo, essas necessidades muitas vezes não são atendidas. Por exemplo, a experiência de Uganda revela que pessoas jovens que vivem com HIV muitas vezes sofrem discriminação de parte dos serviços de saúde sexual e reprodutiva e são ativamente desencorajadas a se tornarem sexualmente ativas. Sessenta por cento das pessoas que vivem com HIV relataram que não tinham revelado sua condição a seus parceiros sexuais; 39 por cento estavam em relacionamentos com um parceiro sexual que não tinha HIV. Muitos não sabiam como revelar sua condição ao parceiro.
O conhecimento acerca da transmissão do HIV é pequeno em muitos países, sendo as mulheres geralmente menos bem informadas que os homens. De acordo com UNAIDS (2006) muitas pessoas jovens ainda não possuem informação precisa e completa sobre como evitar a exposição ao HIV. Enquanto a UNAIDS relata que mais de 70 por cento dos rapazes sabem que camisinhas protegem contra o HIV, somente 55 por cento das moças citam a camisinha como estratégia eficiente para prevenir o HIV.
Dados de pesquisas em sessenta e quatro países indicam que somente 40 por cento dos homens e 38 por cento das mulheres entre 15e 24 anos tinham conhecimento preciso e abrangente acerca de HIV e sua prevenção.
UNAIDS(2007) relatou que pelo menos metade dos estudantes ao redor do mundo não recebiam qualquer educação a respeito de HIV nas escolas. Além disso, cinco de quinze países que reportaram a UNAIDS em 2006 indicaram que a cobertura da prevenção contra HIV nas escolas era menos de 15 por cento. Este algarismo está bem abaixo da meta global de garantir conhecimento abrangente sobre HIV a 95 por cento de jovens até ano 2010.
Em todo o globo, pessoas jovens continuam a apresentar altos índices de infecções sexualmente transmissíveis. De acordo com a International Planned Parenthood Federation (IPPF, 2006), cada ano pelo menos 111 milhões de novos casos de infecções sexualmente transmissíveis curáveis ocorrem entre jovens com idades de 10 a 24 anos, e até 4.4 milhões de meninas com idade entre 15 e 19 anos procuram abortar, a maioria dos abortos – inseguro. Dez por cento dos partos em todo o mundo são de mães adolescentes, que apresentam maiores índices de mortalidade materna do que as mulheres mais velhas.
Traduzido do inglês e digitado em S.Paulo por Maria Amélia Vampré Xavier, Rede de Informações Área Deficiências, Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, Fenapaes, Brasília (Diretoria para Assuntos Internacionais) e entidades parceiras em 7 de outubro de 2009.
Fonte: Maria Amélia Vampré Xavier